Matéria: IstoÉ Dinheiro
Maior museu a céu aberto do mundo, localizado em Brumadinho (MG), Inhotim vai ganhar um resort de luxo. Com inauguração prevista para dezembro, o Clara Arte, nova unidade do Clara Resorts, estará localizado no coração da instituição artística, a cerca de 300 metros da Galeria Psicoativa Tunga.
As diárias do hotel terão valores a partir de R$ 2.391 por casal. Hóspedes ainda precisarão comprar ingresso para visitar o museu caso desejem, ou poderão permanecer na estrutura do resort com piscinas climatizadas e cobertas, sauna, spa, dois restaurantes, brinquedoteca, academia e espaço para eventos.
No final do ano, o Clara Arte receberá seus primeiros hóspedes em 46 bangalôs, cada um com capacidade para até cinco pessoas e equipados com banheira, televisão, ar condicionado e copa com pia, microondas, filtro de água e adega.
Cada quarto conta ainda com uma obra de arte. Nas áreas comuns do hotel, haverá obras emprestadas do próprio acervo de Inhotim, como a Pinocchio Block Head, escultura de bronze feita em 2000 pelo artista estadunidense Paul McCarthy.
Investimentos e retorno
A compra da área e a primeira fase de reforma para iniciar a operação dos bangalôs tiveram custos estimados pela CEO do Clara Resorts, Taiza Krueder, de R$ 160 milhões. Na área, já havia um projeto iniciado em 2011 e paralisado em 2014, com as 46 unidades de acomodação.
No próximo ano, serão inaugurados outros 73 apartamentos para aumentar a capacidade do hotel. Segundo a CEO, o tempo de retorno do investimento apenas com os bangalôs seria muito longo.
“Por isso que eu já resolvi fazer mais quartos, para você ter um break even melhor na operação”, explica Krueder. O termo break even refere-se ao momento em que custo total e receita total de um negócio são iguais.
Com cerca de 100 vagas no total, o hotel aumentará consideravelmente a capacidade hoteleira de Brumadinho. Hoje, há 1300 leitos na cidade, segundo dados da Secretaria Municipal de Turismo.
Para além do retorno nas vendas de ingressos, Inhotim receberá também os valores de uma taxa social de arte optativa cobrada pelo hotel.
Projeto tem mais de dez anos
O plano de um hotel no local foi iniciado em 2011 pelo idealizador de Inhotim, o empresário Bernardo Paz. O desenho original é da arquiteta Freusa Zechmeister, conhecida por projetar a Casa Bonomi, em Minas Gerais, e por seus figurinos para o Grupo Corpo.
Em 2014, a obra foi interrompida. O motivo apontado em nota pela diretora-presidente do Inhotim, Paula Azevedo, foi a decisão de Bernardo Paz de direcionar seus recursos “para outros investimentos relacionados ao Inhotim”.
Ao longo dos anos, diversos empresários do ramo hoteleiro fizeram propostas para retomar a construção. Mas, segundo Azevedo, apenas o Clara Resorts entregou uma proposta alinhada com a proposta original. O terreno foi então transferido para a rede e hoje é uma propriedade independente de Inhotim, inclusive com entrada própria.
“Eu quis preservar o projeto da Freusa o máximo possível, até por uma questão de sustentabilidade, uma questão de respeito ao legado”, afirma Taiza Krueder. “Então eu peguei a minha expertise e atualizei o projeto, com pouquíssimas alterações.”
Revitalização a do projeto
“Foi o Hemisfério Arquitetura que pegou todas as plantas e tinha o conhecimento do projeto, e fez as adaptações necessárias para virar um Clara”, explica Krueder. O Hemisfério pertence a Joana Magalhães e Sofia Lobato, integrantes da equipe de Freusa Zechmeister na época da concepção do hotel.
Já a parte interior ficou sob a responsabilidade da arquiteta Marina Linhares.
“Ela tem essa pegada dos ambientes muito gostosos, quentinhos, aconchegantes”, diz Krueder. “Eu queria trazer esse aconchego, com muito design brasileiro. Mobiliários importantes do design brasileiro vão estar na sede do hotel.”
O projeto original previa apenas os 46 bangalôs. Também tinha áreas comuns consideravelmente menores. “Por exemplo, tinha uma sauna seca pequenininha, uma sauna úmida pequenininha, uma academia pequenininha e um vestiário pequenininho”, exemplifica a CEO.
“Eu fiz adequações já pensando para o hotel comportar 100 apartamentos, não 46”, sintetiza.
Segundo a CEO, a construção priorizou fornecedores e profissionais locais, como parte do projeto de sustentabilidade do Clara. “Todas as marcenarias, os fornecedores são todas da região, quando possível.”
No próximo ano, será inaugurado ainda um spa no meio da floresta e uma expansão do centro de eventos. Já em 2029, será inaugurado um resort completo com mais 150 acomodações em uma área a 700 metros do Museu.
“A chegada do Clara Resorts traz uma nova dinâmica para a economia local, ampliando a oferta de serviços, fomentando o turismo na região e gerando empregos”, afirma a diretora-presidente do Inhotim, Paula Azevedo.
“A parceria com o Clara Resorts é estratégica, acolhendo um público que deseja passar mais tempo em Inhotim e na região, e contribuindo indiretamente para o aumento da visitação e a melhoria da experiência dos visitantes.”
