Justiça aponta violência psicológica com motivação de gênero
Um escândalo de grandes proporções abalou Bariri (SP): o vereador Gilson de Souza Carvalho (PSB) tornou-se réu em ação penal por perseguição contra uma educadora da rede municipal, com agravante por motivação de gênero. A denúncia do Ministério Público foi aceita pela Justiça em fevereiro de 2025, mas o caso veio a público apenas agora, gerando indignação na cidade e reacendendo o debate sobre violência institucional contra mulheres.

A denúncia, apresentada pelo promotor Nelson Febraio Junior, revela uma série de atitudes sistemáticas e abusivas iniciadas em 2018, quando a educadora, então gestora de uma escola municipal, aplicou uma advertência formal ao enteado do atual vereador. Desde então, o comportamento do político teria evoluído para uma verdadeira campanha de perseguição.
Segundo o Ministério Público, Gilson foi até a escola e, aos gritos, passou a ofender a gestora. Mas os ataques não pararam por aí. A partir de 2021, quando a educadora passou a coordenar o polo da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) no município, o vereador intensificou a perseguição com falsas acusações de fraude em vestibulares e exigências insistentes por sua exoneração.
Em 2024, as ameaças escalaram. Gilson chegou a intimidar servidores da Secretaria da Educação, dizendo que bens seriam penhorados caso a servidora não fosse afastada. Durante a campanha eleitoral, ele declarou publicamente que, se eleito, “tomaria providências para tirá-la do cargo”. E cumpriu a promessa: após assumir como vereador, atuou diretamente na exoneração da educadora, segundo a denúncia, usando inclusive chantagens políticas.
O Ministério Público descreve o comportamento de Gilson como “violência psicológica contra mulheres”, afirmando que ele “demonstra sentir prazer em arruinar pessoas”. A vítima, em decorrência da perseguição contínua, desenvolveu depressão grave e precisou de tratamento médico.
O crime de perseguição tem pena de seis meses a dois anos de reclusão, podendo ser aumentada em até 50% quando motivado por gênero — o que, segundo a acusação, é justamente o caso.
A repercussão do caso deve aumentar a pressão sobre a Câmara de Vereadores e pode gerar desdobramentos políticos e judiciais nas próximas semanas.