O período pós pandemia nos desafia a refletirmos sobre o que realmente tem direcionado nossas vidas. Alguns são guiados pela opinião alheia “O que os outros vão falar de mim?”. Outros são dirigidos pelo medo e há quem seja conduzido pelo passado.  Há quem é dirigido pela ira, outrem pela amargura e alguns pelo ativismo. Precisamos decidir em razão “de que” ou “de quem” estamos vivendo. Um escritor amigo, costuma dizer que há três “S” que podem ser determinantes neste viés, sendo eles em forma de níveis.  

O primeiro é a sobrevivência, isto é, existir ao invés de viver. Neste nível as expressões “o pão nosso de cada dia” e “um dia de cada vez” fazem sentido. Penso que muitos passam pela vida apenas sobrevivendo. Talvez aqueles que já desistiram dos seus planos e sepultaram suas expectativas. Quem sabe outros estão neste nível porque a sina lhes impôs. O segundo podemos chamar de sucesso. Imagino que o fato de alguém poder escolher onde passar as férias ou ter um automóvel para ir ao trabalho todas as manhãs. Uma estatística divulgada na internet foi muito didática e despertou-me a atenção. Caso conseguíssemos reduzir o planeta a uma vila e a população a 100 pessoas, o mundo (no caso a vila), a tal vila estaria configurada da seguinte forma:
 

  • 57 asiáticos, 21 europeus, 14 americanos e 8 africanos,
  • 52 seriam mulheres e 48 seriam homens,
  • 70 não brancos e 30 brancos,
  • 6 pessoas possuiriam 59% das riquezas do mundo,
  • 80 viveriam em casas inabitáveis,
  • 40 teriam acesso a um computador,
  • 1 teria formação universitária.

Pensando nesses dados, se você é saudável, teve mais sorte do que 1 milhão de pessoas; se você não sofre prisão injusta, tortura ou sequelas de uma guerra, superou 500 milhões; e se você tem geladeira com alimentos, roupa e casa, considere-se mais abastado do que 75% da população mundial. Entrementes, se, com todos estes fatores você continua com a sensação de que algo está faltando, passemos para o terceiro “S”, o significado. Os bens materiais e a sensação de sucesso e segurança não preenchem o vazio de significado, mesmo porque algumas pessoas que estão no primeiro nível estão no terceiro. Outras estão no segundo mas não no terceiro. No livro “Vivendo com Propósitos”, Ed René Kivitz cita a fala de um colega seu de seminário: “As pessoas não têm medo de morrer; elas, na verdade, têm medo de morrer sem saber porque viveram.”

É fato que, nosso significado está ligado ao que Teilhard de Chardin, filósofo francês, escreveu que “não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual, somos seres espirituais passando por uma experiência humana.” O Pregador, autor do livro de Eclesiastes depois de provar todas as tentativas de sobrevivência, sucesso e significado, escreve: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem.” (Ec 12:13).

Em outras palavras, o sentido da vida não está na própria vida e seus três “S”, mas no Criador da vida. Aquele que busca a comunhão com Deus, encontra-o em pequenos sinais do dia-a-dia. Em Ec 2:10-11, ele conclui que, apesar de obter tudo o que seu coração desejava, não encontrou satisfação duradoura. Da mesma forma, ele observa que a riqueza pode ser passageira e incerta, pois as riquezas podem ser perdidas ou devem ser deixadas para trás na morte (Ec 5:13-15). No entanto, Salomão também reconhece que Deus é a fonte última da verdadeira alegria e satisfação.

Ele escreve: “Nada é melhor para o homem do que comer e beber, e que sua alma goze do bem em seu trabalho. Isso também, eu vi, veio da mão de Deus” (Ec 2:24). Isso sugere que encontrar contentamento nos prazeres simples da vida, em vez de ficar obcecado com a abundância ou buscar estimulação constante, pode levar a uma existência mais gratificante. Quando você desfruta a simplicidade do cotidiano (sobrevivência), cada um dos três “S” estará sentindo Deus (significado) no trajeto e não somente no destino (sucesso). Que Deus nos dê graça para nos encontrarmos nos três “S”.
 
Marcos Kopeska
Pastor da IPI de Chapadão do Sul, palestrante e escritor.   
 

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