Pode parecer difícil criar filhos inteiros, mas é mais fácil do que consertar adultos quebrados.
Há os pais que acreditam que devem tratar os filhos como príncipes, fazendo tudo por eles, e os pais que acreditam que devem tratar os filhos como soldados, pois o mundo é uma guerra e eles precisam estar preparados. Não sei se você é de família nobre ou se lutaremos juntos a terceira guerra mundial, mas a verdade é que, provavelmente, seu filho não será nem uma coisa nem outra.
Fazer tudo pelo seu filho não é amor. A sensação de ser amado por uma criança é tão maravilhosa que, de certa forma, ficamos viciados nela. Ao dar tudo para nosso filho, ao fazer o que ele consegue fazer sozinho, nos sentimos de novo a pessoa favorita dos pequenos. Uma sensação gostosa, mas não é esse o papel dos pais. Vamos ter que tratar nossas próprias carências de outra maneira. Nosso papel não é comprar o amor do nosso filho com presentes e serviço. Quando não ensinamos aos nossos filhos a importância do esforço, do respeito e da autonomia, estamos criando-os mal.
Da mesma forma, nosso papel não é tornar a vida deles mais difícil. Já é difícil demais ser uma criança, superar todos os dias um desafio, estar crescendo sem entender direito as emoções, explodindo em raiva e frustração, já é complicado não poder fazer nada – não corre! não grita! não pula! não pega! – então, por favor, precisamos ter compaixão.
Tudo o que é essencial para que vivam bem (carinho, atenção, sono, alimentação saudável, exercício) é nossa obrigação. Dá trabalho. Tudo o que eles conseguem fazer sozinhos, incentivamos que façam, ás vezes com dor no coração. Muitos pais fazem exatamente o contrário: negligenciam as necessidades, atendem os desejos. Depois, se perguntam onde foi que erraram.
Não queremos reis mimados, nem guerreiros traumatizados.
Pode parecer difícil criar filhos inteiros,
mas é mais fácil do que consertar adultos quebrados.
A vida é incrível.
Desejo a você muito mais do que sorte.
Marcos Piangers