Suzana e Toshio hoje saboreiam o sucesso de seus produtos após muitos anos para consolidação da marca

Por Rodrigo Viudes

Toshio Hito está de volta do Japão. Desembarcou há poucos dias, sem preocupação para voltar, senão para tratar com os importadores das ideias que continuam a pipocar em sua mente criativa de empreendedor. A conversa se deu entre empresários. A posição de operário, ao menos nas relações de trabalho, Hito deixou para trás quando de lá retornou, há 16 anos, decidido a investir o que conquistara em seu ‘sonho japonês’ na realidade do Brasil.

Em entrevista ao Fala Marília, Hito relata as escalas de vida e de trabalho que precisou enfrentar até que alcançasse o destino financeiro que ainda hoje tantos brasileiros almejam chegar, tal como um decasségui da esperança.
 
A VIDA NO JAPÃO
Hito partiu para o Japão em 1997, aos 25 anos. À época, ele aderiu à forte onda de niqueis que recorreram à terra de seus ancestrais em busca do ‘sonho japonês’ – tal como o americano, conquistar a liberdade financeira. O jovem perito nos traços das peças publicitárias precisou se sujeitar ao que havia de emprego rápido aos estrangeiros que lá aparecessem: limpeza de peixes, coleta de reciclagens, montagem de componentes eletrônicos.

Em três anos, juntou o suficiente para retribuir aos pais uma casa de alvenaria, numa época em que a relação entre o dólar e o real era próximo de um para um. “Trabalhava-se muito e ganhava-se nem tanto”, recordou Hito.
 
PROCESSO DE RETORNO
Ainda no Japão, Hito conheceu sua esposa Suzana. Ambos trabalhavam em fábricas diferentes, mas o desejo de retornar ao Brasil para investir o que haviam juntado era o mesmo, seja qual fosse a melhor oportunidade.
 

“Esta é uma situação que acontece muito com os decasséguis: pensar no que fazer quando voltar. Nos dedicamos a estudar, ainda no Japão, onde a qualidade e o atendimento é levado muito a sério em qualquer negócio”, contou Hito.

Antes mesmo que desembarcassem de volta ao Brasil, em 2006, pela necessidade de cuidados de saúde da mãe de Suzana, o casal de decasséguis combinou: ‘mesmo que dê errado o que planejou, não voltará mais ao Japão’.
 
PRESSÃO CULTURAL
Apesar das incertezas quanto ao futuro profissional, Hito e Suzana sabiam o que os esperavam daqueles que os reencontrasse após tantos anos de trabalho no Japão: a cobrança social de que tivessem voltado bem-sucedidos. Hito ainda tinha a referência do avô, um ex-guarda imperial para ‘contribuir’ na comparação. “Quando a gente volta e começa a trabalhar como pipoqueiro as pessoas falam: ‘foi para ter dinheiro e só conseguiu isso?”, recorda o empresário.
 

“Muitos japoneses ainda vão para o Japão, voltam, empreendem, quebram e voltam pra lá. A pressão cultural é muito grande [na colônia]. Eu fui só mais um caso do mito do enriquecimento”, complementou.

 PIPOQUEIROS

Do que trouxeram nos bolsos, Hito e Suzana gastaram apenas R$ 5 mil para adquirir um carrinho, matéria-prima e embalagens para entregar um conhecido produto agora mais saboroso e colorido: pipoca.
 

“Era um produto comum no litoral, mas apenas a vermelha. Não havia receita nem no Google. Conheci melhor com os colegas pipoqueiros. Decidimos sair do óbvio e criar sabores. Assim começou a Pop’s Fantasy”, contou Hito.
Após sete anos como ambulante, e uma tentativa frustrada de abrir um ponto fixo que quase o levou à falência, Hito e a esposa recuperaram o negócio após o apoio de uma incubadora de empresas em Marília.

MERCADO MILIONÁRIO
Mais do que vender pipocas e algodões doces coloridos, o casal de empreendedores abriram um novo segmento no mercado de doces. “Fomos pioneiros no país no conceito de pipoca caramelizada”, citou Hito.


O sucesso do negócio não demorou a pipocar concorrentes pelo país. “São empresas que geram renda, paga contas, forma filhos, alimenta famílias. Acho que deixei minha contribuição nisso”, observa Hito.

Atualmente, os produtos da Pop’s Fantasy podem ser encontrados em 14 estados do Brasil. As pipocas e os algodões doces complementam a farta oferta de produtos alimentícios fabricados em Marília para o mundo. O próximo embarque previsto é para o Japão.

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