Homenagem ao Dr Doreto em forma de crônica

por Ramon Barbosa Franco

 

O 5 de outubro é um marco para a democracia brasileira. Em 1988, após uma série de debates, estudos e sessões, o Brasil ganhava a Carta Magna, que restabelecia, entre outros dispositivos e instrumentos legais, o direito à liberdade, ao voto e à dignidade. Para escrever a Constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, mais de 500 parlamentares, entre deputados federais e senadores, se debruçaram sobre temas amplos e abrangentes.


Um líder de Marília esteve lá representando não apenas a Cidade Símbolo de Amor e Liberdade, mas todo o Interior do Estado de São Paulo e o povo paulista: o médico Doreto Campanari (1930-2021). Nascido em Marília, cursou Medicina no Estado do Paraná, onde despontou na liderança estudantil. Depois, ao regressar para Marília, passou a clinicar na especialidade de oftalmologia. Com o passar do tempo, exerceu a vereança e ingressou numa trajetória respeitável de vida pública: de vereador, passou a deputado estadual e exerceu por dois mandatos o cargo de deputado federal.


Assumiu na suplência do então deputado federal por São Paulo, o engenheiro Mário Covas – que anos depois, se elegeria senador e governador do Estado de São Paulo.


Covas havia sido indicado para prefeito biônico de São Paulo pelo então governador paulista André Franco Montoro (1916*2021) – que viria a passar férias na casa de Doreto em determinada ocasião, e que sempre gostava de ser chamado pela profissão de professor, não de governador ou deputado, cargos também exerceu. É de Montoro uma frase que permanece até os dias de hoje: ‘Ninguém mora na Federação ou no Estado, as pessoas moram nas cidades’.


Este é o lema dos movimentos municipalistas, que vêm crescendo nos últimos anos principalmente para o fortalecimento das cidades no que diz respeito aos repasses estaduais e federais. Doreto Campanari me ensinou que a principal característica de um político é a paciência, e deve-se utilizá-la sem qualquer moderação, sendo inclusive recomendado um oceano inteiro dela.


A figura do Dr Ulysses Guimarães, colega de Congresso do Dr Doreto Campanari, sempre é lembrada quando se recorda da Carta de 1988 e sua frase emblemática: ‘Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição, a nação mudou’. O Senhor Diretas, que quando jovem fora aluno do poeta modernista Mário de Andrade, prossegue: ‘Quanto a ela – à Constituição – discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América Latina’.


Ramon Barbosa Franco é escritor e jornalista, autor dos livros ‘Canavial, os vivos e os mortos’ (La Musetta Editoriais), ‘A próxima Colombina’ (Carlini & Caniato), ‘Contos do japim’ (Carlini & Caniato), ‘Vargas, um legado político’ (Carlini & Caniato), ‘Laurinda Frade, receitas da vida’ (Poiesis Editora) e das HQs ‘Radius’ (LM Comics), ‘Os canônicos’ (LM Comics) e ‘Onde nasce a Luz’ (Unimar – Universidade de Marília), [email protected]

 

Os 35 anos da Carta Magna

Neste 5 de outubro são celebrados 35 anos da promulgação da Constituição Federal. Em 1988, após uma série de audiências, estudos e debates, o Brasil ganhava sua nova Carta Magna, vigente até os dias de hoje. 


Na crônica da semana, o escritor e jornalista Ramon Barbosa Franco lembra da figura do médico e deputado federal Constituinte, Dr Doreto Campanari, o único mariliense a estar no Congresso e ajudar a escrever o texto, que é chamado por muitos como ‘Constituição Cidadã’.

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