Então eu tinha chegado do trabalho e a Ana me disse que o bebê não tinha parado de chorar durante o dia todo. Pai bobo, você se sente meio super-homem, pensa: “deixa que eu faço ela dormir rapidinho”. Pega a bebê no colo, balança a criança como se a mãe não tivesse feito isso antes, e três horas depois reconhece: “realmente, ela não para de chorar”. A partir daí serão os dois pais se alternando, colo pra um, colo pro outro, ambos tentando as mais variadas técnicas para fazer um bebê parar de chorar, sem sucesso.

O choro de uma criança, eu li uma vez, é um som desenvolvido para criar nos pais um sentimento de terror e pânico, em uma época em que uma criança indefesa no meio da floresta precisava sempre de atenção. Sempre me questiono se, já que agora moramos em apartamentos aconchegantes, não seria o caso do choro do bebê evoluir para um pedido calmo e educado, tipo um “papai, mamãe, alguém poderia me ajudar?”. Um dia chegaremos lá, se Darwin quiser.

“Já sei! O carro! O bebê sempre dorme no carro!”. Então é meia-noite e você está com um bebê chorando no banco de trás, passeando pela cidade. O bebê continua chorando, você já tentou trajetos retilíneos e cheios de curva, subidas e descidas e colocar uma música alta no som do carro, mas tudo isso só piorou o choro. De madrugada, quando volta pra casa com o bebê ainda chorando, sua mulher abre a porta e pergunta: “não funcionou?”. 

Troca de fralda pela milésima vez, dá um banho morno pela milésima vez, oferece leite e chupeta pela milésima vez. Está amanhecendo. Você toma banho com o bebê chorando, vai até o carro com o bebê chorando, dirige até a creche com o bebê chorando, tira o bebê-conforto do banco de trás e leva-o até a professora da creche, que olha para o seu bebê e comenta: “que anjinho!”. 

E, neste momento, você percebe que seu filho acabou de dormir.

A vida é incrível.
Desejo a você muito mais do que sorte.
Marcos Piangers

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