Dor de cabeça e no corpo, congestionamento nasal e sintomas que se assemelham aos de uma gripe forte. Foi isso que a aposentada Beatriz de Fátima, de 58 anos, sentiu ao ser infectada com covid-19 por volta do dia 9 deste mês. Moradora de Brasília, ela engrossa os dados do último boletim InfoGripe, publicado semanalmente pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que alerta para o crescimento de casos de Covid-19. 

O aumento nos casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) associadas à Covid-19 é observado nos estados do Sudeste e Centro-Oeste do país, com destaque para Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. Desde o início da pandemia, o Brasil teve mais de 37 milhões de casos confirmados, e acumula mais de 705 mil mortes.
 
Incidência nas cidades
Segundo dados do Ministério da Saúde, as cidades com maior número de casos de covid-19 acumulados são o Rio de Janeiro (1.347.957), seguido por São Paulo (1.187.714) e Brasília (914.263). As mesmas capitais são as com maior número de mortes, com diferença que São Paulo (45.309) teve mais casos fatais que o Rio (38.351), e neste quesito Brasília (11.895) quase empata com Fortaleza (11.877).

Algumas cidades registraram menos de 50 casos no sistema do Ministério da Saúde desde o início da pandemia. É o caso de Boa Vista do Gurupi, no Maranhão (16), Pedro Teixeira, em Minas Gerais (25) e Sebastião Barros, no Piauí (29). Junto com a cidade mineira Pedro Teixeira, algumas outras também não registraram nenhum óbito, como Flor do Sertão, em Santa Catarina, e Novo Tiradentes, no Rio Grande do Sul. 

Moradora de Brasília, a terceira cidade com mais casos registrados, Beatriz descobriu a doença por meio de um teste de farmácia, e acredita que não ter tomado as doses de reforço da vacina fez com que tivesse sintomas mais intensos.
 

“Foram três dias bem ruins, dois dias com crise mais intensa. Daí eu fiquei em isolamento social e doméstico por nove dias, repeti o teste, deu negativo, e aí eu voltei à vida normal. Eu não tomei as doses de reforço da Covid, eu só tomei três doses. Eu acho que foi até por isso que eu tive esses sintomas tão fortes”, relata.

Vacinação
O diretor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, reforça a percepção de Beatriz, e explica que tomar a vacina ajuda a evitar complicações. “A vacina protege contra formas graves da doença, evita que a pessoa evolua para formas que demandem por exemplo internação, intubação, ventilação mecânica, e sem contar que diminui o risco de a pessoa morrer”, explica.

Segundo dados do Vacinômetro do Ministério da Saúde, já foram mais de 517 milhões de doses de vacina monovalentes aplicadas, e 29 milhões de doses bivalentes. Desta última, a taxa de cobertura vacinal no país está em 16,23%. Apenas São Paulo e Distrito Federal já imunizaram mais de 20% da população. Entre os estados que menos vacinaram estão Roraima, Mato Grosso e Rondônia, em que apenas 7% da população tomou a dose bivalente.

O vice-diretor de Serviços Clínicos do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz, o médico infectologista Estevão Portela Nunes, reforça a importância de completar a imunização, especialmente os grupos mais vulneráveis. “Quem está com vacinação incompleta, principalmente quem não tomou a bivalente esse ano, principalmente se forem pessoas de maior risco, então pessoas acima dos 60 anos, com comorbidades, pessoas com grau de imunossupressão, essas pessoas têm que vacinar. Porque certamente protege muito em relação a formas graves”, recomenda.

Infectados devem se isolar
A Covid-19 vem perdendo força, contudo, ainda é importante ter cuidado em casos de infecção para evitar a disseminação do coronavírus, que tem novas variantes, como explica o infectologista Julival Ribeiro. “O vírus da covid continua circulando no mundo inteiro, inclusive aqui no Brasil. Nós estamos com a variante chamada EG5, conhecida como Éris. Ela é altamente transmissível, entretanto, segundo a Organização Mundial de Saúde, ela não tem o impacto de outras variantes em relação às pessoas serem hospitalizadas e mesmo vir a óbito”, diz. 

A recomendação para quem apresenta sintomas da doença é retomar o uso da máscara ao procurar uma Unidade de Saúde. Independente da variante, é importante ficar isolado, como detalha o diretor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti.
 

“Se a pessoa apresentar sintomas gripais e confirmar Covid-19 e não estiver evoluindo para formas graves, o isolamento é de sete dias. Se a pessoa no quinto dia fazer um segundo teste e esse segundo teste for negativo, ela pode sair do isolamento neste quinto dia”.

A melhor forma de prevenção contra complicações da Covid-19 é a imunização. Neste ano, o Ministério da Saúde estendeu a vacinação com doses de reforço bivalentes para toda a população acima de 12 anos de idade. Para ter acesso à vacina é só procurar o posto de saúde mais próximo.

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