Quando nosso filho chega é tudo tão intenso.
Quando nosso filho chega, aquilo é tão intenso. Pra maioria das pessoas, a vida já é puxada sem uma criança. Trânsito, trabalho, casa pra limpar. Acrescente um bebê, e você acha que vai ficar maluco. Lembro que eu e Ana estávamos sempre cansados, olhos vermelho, sono atrasado, stress em níveis altíssimos. Durou uns seis meses até acertarmos a agenda, entender o sono do bebê, ajeitas as sonecas, sincronizar nosso cansaço com o da minha filhinha. O primeiro ano você sofre todos os dias, e acha que a partir de agora sua vida vai ser assim. Com um agravante: a casa está uma zona. Você não está cuidando de você mesmo. A louça se acumula. O sofá está vomitado.
Não acho que temos que morar em uma algazarra, mas se você não consegue arrumar a casa, ok. Se você não consegue lavar a louça agora, ok. Se o sofá está vomitado, ok. Se seu cabelo faz você parecer a Helena Boham Carter, ok. Agora não é hora de mais stress, é hora de relaxar com aquilo que não conseguimos fazer. Este é o momento do caos. Aceite o caos, ria do caos, conviva com o caos. O segundo ano terá outros desafios, seu filho quer subir e pegar todas as coisas proibidas, e assim vão os três, quatro, cinco e seis anos.
Aos sete você nota que algo mudou. Aos oito seu filho espicha. Aos nove, acontecem coisas na escola que você fica sabendo por outras pessoas. Aos dez, seu bebê começa a não querer ficar tão grudado. Aos doze, já terá passado 70% de todo o tempo que vocês terão juntos. E assim, a pré-adolescência e a adolescência, quando você vê seu filho vira um vulto, passa de vez em quando por você em casa. Aos 18 anos, 90% do tempo que vocês tinham juntos já foi.
Agora, seu filho terá outras pessoas favoritas. Seus amigos, seu ídolos, seus amores. Logo, seus próprios filhos.
Aquela intensidade dos primeiros anos, que parecia durar pra sempre, acaba assim. E logo, você nota que os dias eram longos. Mas os anos curtos.
A vida é incrível.
Desejo a você muito mais do que sorte.
Marcos Piangers