Dizem que a propaganda é a alma do negócio. Concordo em partes, mas vou além. A comunicação é a alma do negócio. Para esclarecer melhor, transcrevo uma narrativa que li em algum lugar.  Dizem que havia um cego sentado na calçada, com um boné a seus pés e um pedaço de madeira que, escrito com giz branco, dizia: “Por favor, ajude-me, sou cego”.
 
Um publicitário da área de criação que passava em frente a ele parou e viu umas poucas moedas no boné. Sem pedir licença, pegou o cartaz, virou-o, pegou o giz e escreveu outro anúncio. Voltou a colocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora. Pela tarde o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Agora, o seu boné estava cheio de notas e moedas.
 
O cego reconheceu as pisadas e lhe perguntou se havia sido ele quem reescreveu seu cartaz, sobretudo querendo saber o que havia colocado. O publicitário respondeu: “Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras”. Sorriu e continuou seu caminho.
 
O cego nunca soube, mas seu novo cartaz dizia: “Hoje é Primavera, e não posso vê-la”. Experimente mudar as palavras quando não nos acontece alguma coisa. Por vezes passamos a vida com as mesmas palavras, com os mesmos comentários, com os mesmos jargões… Acho que nesta semana ouvi pela quinquagentésima vez, enquanto me aproximava da cabeceira da mesa, alguém dizer: Quem senta na ponta paga a conta! Na semana passada ouvi pela milhonésima vez aquela brincadeira com a sobremesa: É pavê ou pá comê?
 
Mude a forma, mude o tom, mude as palavras, seja criativo, faça com que a comunicação vá além das palavras. Samuel Libert conta que, numa cidade latino-americana, em um bairro muito povoado, um grupo de crentes fazia cultos ao ar livre, usando alto-falantes, sempre na mesma praça, com o mesmo pregador, domingo após domingo. Alguns vizinhos chegavam perto para ouvir, outros escutavam da porta de suas casas. Um dia, um pastor de outra igreja teve que visitar alguém não crente, que morava em frente àquela praça e perguntou-lhe se já tinha ouvido falar do Evangelho, e a resposta foi: “Não senhor, nunca”.
 
O pastor achou que estava equivocado e perguntou de novo. “Nunca ouviu o evangelho aqui na praça, aos domingos?” “Não. Os evangélicos nunca vêm aqui. Estou todos os domingos de tarde à porta da minha casa. Os que vêm aos domingos não são evangélicos, porque não são cristãos.
 
Eu sempre os escutei. Eles pertencem à outra religião. Sempre falam coisas estranhas. Eles falam todo o tempo num Cordeiro, e nunca mudam de tema. Falam que o Cordeiro morreu e ressuscitou, que um dia o Cordeiro vai se zangar e virá a ira do Cordeiro. Eles devem ser de uma nova religião”.
 
A comunicação entre as pessoas ocorre por meio de palavras, embora estudos mostrem que apenas 7% das comunicações entre as pessoas ocorram por palavras em si. 38% da comunicação se dá através do tom de voz, e 58% da comunicação entre as pessoas se faz através da fisionomia ou linguagem do corpo. A expressão facial, os gestos e os movimentos das pessoas definem muito mais o que elas estão dizendo do que as palavras em si.
 
Repare por exemplo, num humorista famoso, com algumas palavras consegue fazer o público rir. Comunique-se! Pesquisadores de uma Universidade americana fizeram um teste, em cooperação com a Marinha americana. O objetivo era o de descobrir como o tom da voz afetava os marinheiros, quando recebiam ordens.
 
As experiências demonstraram que a maneira como se fala a uma pessoa determinava em grande parte o tipo de resposta que ela daria. Por exemplo: quando se falava a um indivíduo com voz calma, ele respondia de forma semelhante. Mas quando se gritava com ele, a sua resposta vinha no mesmo tom forte. Isso acontecia quando havia comunicação face a face, por meio de um intercomunicador ou pelo telefone.
 
Este estudo me lembra do que diz a Bíblia, no livro de Provérbios, capítulo 15 verso 1: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”. Deus é um ser que se comunica. Desde o início, quando Ele diz: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança…”, com quem Ele estava falando? Era a Trindade se comunicando, por isso a primeira pessoa do plural. Quando o primeiro casal foi formado, Ele vinha ao Éden todos os dias no fim da tarde.
 
Por que? É o desejo divino de comunicar-se. Até mesmo a natureza tem seus códigos de comunicação. Nos Andes há ocasiões em que um pesado silêncio desce sobre a montanha. As aves param de cantar, as abelhas cessam a colheita do mel, as árvores não se mexem. Os moradores desses lugares sabem o que está acontecendo: é a tempestade que se aproxima. É a natureza se comunicando.  Reavalie sua comunicação. Está sendo compreendido? Está se fazendo compreender? Pense nisso e tenha uma boa semana!
 
Rev.  Marcos Kopeska
Pastor da IPI de Chapadão do Sul
Escritor e conferencista
 

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