Iacanga, com cerca de 11 mil habitantes, foi palco das 4 edições do Festival Águas Claras. Realizado durante a ditadura militar, evento reuniu nomes como João Gilberto, Alceu Valença e Gilberto Gil.

Iacanga, a 375 quilômetros da capital paulista, completa 99 anos nesta semana (15) e já foi palco do Festival Águas Claras, um dos principais eventos da música brasileira, conhecido por muitos como “Woodstock brasileiro”.

Iacanga foi palco do Festival Águas Claras, no interior de São Paulo — Foto: Águasclarasfestival/Reprodução

O evento, que contou com quatro edições, teve sua primeira versão em 1975, em meio à ditadura militar no Brasil. Com fortes tendências ao rock e à contracultura, o festival nasceu por acaso e organicamente.

Tudo começou quando Antonio Checchin Junior, o Leivinha, decidiu encenar ao ar livre uma peça teatral que havia escrito. O local escolhido foi a Fazenda Santa Virgínia, propriedade da família, em Iacanga, cidade que hoje tem cerca de 11 mil habitantes.

Divulgação ‘boca a boca’ e com cartazes

Iacanga tinha cerca de 7 mil habitantes à época — Foto: Águasclarasfestival/Reprodução)

À época, com 22 anos, a ideia de Leivinha era reunir amigos, funcionários do local e familiares em torno da peça, realizando um evento cultural, além de um churrasco comunitário.

No entanto, o desejo do jovem foi se transformando a partir do momento em que bandas e artistas undergrounds, com características fora dos padrões comerciais e dos modismos, entraram em contato pedindo a oportunidade de participar da “cena” cultural que se formaria na pequena cidade do interior de SP.

Pessoas de todo Brasil se deslocaram até Iacanga para festival de música — Foto: Irmo Celso/Acervo Pessoal

Na base do “boca a boca”, a ideia foi crescendo e o que era para ser um churrasco com amigos e familiares virou um evento de rock, nos moldes dos festivais internacionais.

“Era um grupo de moleques fazendo o festival. Eu, o mais velho, 22 anos. O resto era tudo garotada, com 18, 17, 16… 14 anos. Tinha banda que nunca tinha tocado em palco, mas para a realidade do momento, aquilo lá era, de longe, a maior coisa que estava acontecendo”, revelou Leivinha no documentário “O Barato de Iacanga”, dirigido por Thiago Mattar, de 2019.

“Colar cartaz era a única coisa que existia, era a única mídia que tinha. Foi uma coisa de boca a boca. Foi uma coisa completamente maluca, insana”, contou o produtor cultural Claudio Prado no documentário “O Barato de Iacanga”.

Matéria: G1 Bauru

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