As perspectivas para o setor agropecuário em 2025 são otimistas, especialmente à luz dos acordos comerciais e das oportunidades de mercado conquistadas em 2024. O Brasil, reconhecido como um dos maiores exportadores de produtos agropecuários, fortaleceu sua posição no cenário global ao firmar tratados bilaterais e multilaterais que ampliaram o acesso aos principais mercados. Esses avanços consolidam o país como um fornecedor essencial de alimentos para o mundo, abrindo caminhos para novos investimentos e aumento da produtividade.

Tirso Meirelles, presidente do Sistema Faesp/Senar

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Um dos destaques foi a ratificação do acordo Mercosul-União Europeia, que finalmente superou barreiras políticas e ambientais. Esse pacto promete reduzir tarifas e simplificar processos de exportação, beneficiando produtos como carnes, grãos e frutas tropicais. Há um caminho a seguir ainda, mas foi um passo que superou 25 anos de discussões e críticas de ambos os lados. Além disso, há uma expectativa de maior cooperação tecnológica entre os blocos, o que pode impulsionar práticas sustentáveis, onde possuímos segurança alimentar, no contexto animal e vegetal, além do código florestal mais rigoroso do mundo, e aumentar a competitividade do agronegócio brasileiro.

Outro fator importante foi a abertura de mercados asiáticos, especialmente na China e na Índia. Esses países, com populações em crescimento e uma classe média em expansão, demandam cada vez mais alimentos de qualidade. Em 2024, o Brasil ampliou sua participação nesses mercados ao atender às rigorosas exigências sanitárias e de segurança alimentar, consolidando parcerias estratégicas que devem se intensificar no próximo ano.

A sustentabilidade também desponta como um diferencial competitivo em 2025. Com a crescente pressão internacional por práticas ambientais responsáveis, o Brasil tem investido em tecnologias que aliam produtividade à conservação dos recursos naturais. O uso de sistemas integrados, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o plantio direto, têm ganhado destaque, demonstrando o compromisso do setor com a preservação ambiental e atraindo compradores que valorizam produtos sustentáveis.

As cadeias produtivas também devem se beneficiar do avanço da digitalização e do uso de dados no campo. A adoção de soluções tecnológicas, como a Internet das Coisas (IoT), a inteligência artificial e o big data, está transformando a gestão agrícola, permitindo maior previsibilidade e eficiência. Em 2025, o trabalho a ser desenvolvido é para que essas inovações estejam ainda mais acessíveis a pequenos e médios produtores, a fim de elevar sua produtividade e a competitividade.

No entanto, desafios persistem. As questões climáticas continuam a ameaçar a produtividade, com eventos extremos se tornando mais frequentes. Além disso, as altas taxas de juros do crédito rural, os baixos preços das commodities e a inadimplência dos produtores, as disputas comerciais globais e as tensões geopolíticas podem impactar o setor. Para mitigar esses riscos, o Brasil precisa fortalecer suas políticas de apoio ao produtor rural e à gestão de riscos, assim como ampliar sua rede de parceiros comerciais, diversificando destinos e produtos.

Outro ponto crítico será a continuação dos esforços para melhorar a infraestrutura logística. Apesar de avanços em 2024, gargalos como estradas precárias, portos congestionados e altos custos de transporte ainda limitam o potencial do agronegócio. Investimentos públicos e privados serão essenciais para garantir que o setor aproveite plenamente as oportunidades geradas pelos novos acordos comerciais.

Com as bases estabelecidas em 2024, 2025 tem o potencial de ser um ano de crescimento para o agronegócio brasileiro. O desafio estará em equilibrar expansão econômica com responsabilidade social e ambiental, consolidando o Brasil como um líder global não apenas em volume, mas também em qualidade e sustentabilidade. O setor está em uma posição privilegiada para capturar as oportunidades de um mercado internacional em transformação, desde que continue a inovar e a fortalecer sua reputação perante os consumidores globais.

Contudo, persistem desafios econômicos, financeiros e fiscais que exigem a adequação dos procedimentos internos, resultando em custos mais elevados, taxas de juros em alta e um dólar valorizado.

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