Justiça acata denúncia e põe delegado no banco dos réus por tortura em Cândido Mota Acusado de agredir advogado durante abordagem, delegado terá que se defender na Justiça
A Justiça de Cândido Mota deu um passo decisivo em um dos casos mais explosivos do ano: aceitou, no último dia 9 de maio, a denúncia contra o delegado João Fernando Pauka Rodrigues, acusado de torturar um advogado durante uma abordagem policial que chocou a região em novembro de 2024. A partir de agora, o delegado passa a ser réu no processo.
Imagens de câmeras de segurança, divulgadas pela defesa, mostram o exato momento da abordagem violenta, mesmo sem resistência aparente da vítima. A denúncia provocou forte repercussão nos meios jurídicos e policiais, e agora o caso entra em uma nova fase: a do confronto nos tribunais.
Com a decisão, o delegado terá apenas 10 dias para apresentar sua defesa por escrito. Caso não se manifeste, a Justiça nomeará um defensor para representá-lo. A acusação é grave: crime de tortura, com base em provas visuais que, segundo a defesa, não deixam margem para dúvidas.
“Ele não reagiu, e mesmo assim foi violentamente imobilizado”, afirma o advogado Mário Rui, que representa a vítima. Ele destaca que as imagens são “prova incontestável do uso brutal e desnecessário da força”.
Além da tortura, o delegado chegou a ser investigado por lesão corporal e abuso de autoridade. No entanto, a Justiça decidiu que a lesão já está incluída na acusação principal, e arquivou a parte relacionada ao abuso de autoridade.
Caso envolto em polêmicas
Desde o início, o caso foi marcado por reviravoltas. Dois juízes pediram afastamento, um por suspeição e outro por motivos não revelados. Somente agora, com a entrada de um novo magistrado, o processo ganhou ritmo e teve a denúncia formalmente acolhida.
O episódio ocorreu após o advogado supostamente tentar escapar de uma blitz. A abordagem, no entanto, foi registrada por câmeras que, segundo a defesa, desmontam a versão inicial da polícia e mostram um ataque injustificável.
Próximos capítulos
Com o aceite da denúncia, a Justiça autorizou ainda a atuação de um assistente de acusação, reforçando o cerco judicial em torno do delegado. O caso promete movimentar o meio jurídico nos próximos meses e poderá culminar em um julgamento com grande impacto para a segurança pública da região.