Em Sales Oliveira, três turmas são exclusivamente para mulheres, que deixaram outras profissões para investir na cultura da cana-de-açúcar

Os canaviais paulistas estão passando por uma revolução. O principal centro de produção de cana-de-açúcar do país (na região de Ribeirão Preto) tem visto chegar ao campo uma legião de mulheres que estão assumindo postos na colheita mecanizada. Além da competência, tem sido apontado como um elemento importante o cuidado com as máquinas e o capricho na manutenção e na limpeza dos equipamentos.

Criado em 2021, apenas nos dois últimos anos, 104 mulheres fizeram o curso de formação profissional Operação de Tratores Agrícolas com Transbordo da Cana-de-Açúcar, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-SP). Para 2025, que tem previsão de 30 cursos, o Sindicato Rural de Sales Oliveira está neste mês de abril com três turmas exclusivamente femininas, preparando mais 36 profissionais que já farão parte colheita desta safra.

Para o instrutor Ademir Frontaroli, que desde 2021 ministra esse curso, a capacitação tem sido importante para atualizar profissionais que já estão atuando no mercado, como aqueles que querem dar os primeiros passos. Ele reitera que o público feminino está conquistando espaço na área de mecanização agrícola por serem mais cuidadosas, dedicadas e responsáveis.

“O curso proporciona conhecimento teórico e prático sobre o tema transbordo, onde as alunas terão condições de executar a função de forma eficiente e com maior segurança. Os alunos geralmente são um público mesclado, iniciantes, com pouco conhecimento sobre a prática, mas temos também pessoas já bastante experientes na área, que atuam no setor sucroenergético há alguns anos”, frisou o instrutor, que também ministra cursos de Manutenção e operação de colhedora de cana-de-açúcar, Manutenção e operação de tratores agrícolas e caminhão Guindauto.

Experiência foi algo que a aluna Marta de Oliveira foi buscar no Senar-SP. Ex-funcionária da área de pré-preparo de proteínas, numa indústria em Sertãozinho, ela decidiu investir em um novo mercado. Em princípio, conta, ficou assustada, achando que não conseguiria aprender e mostrar todo o seu potencial, principalmente porque vê na nova função uma conexão com a sua família. Hoje, após a qualificação, sente-se totalmente preparada.

“Meus pais trabalharam por muitos anos no corte da cana manualmente e para mim é uma honra poder fazer o mesmo que eles, só que com a ajuda da tecnologia, com veículo de transbordo. Esse foi o primeiro curso que fiz e quero fazer muitos outros”, disse Marta.

O transbordo de cana-de-açúcar é uma etapa crucial na logística da colheita mecanizada, consistindo na transferência da cana cortada para veículos de transporte, geralmente caminhões ou tratores menores com reboques. Essa operação ocorre em tempo real, ao lado das colhedoras, para evitar interrupções na colheita e otimizar o fluxo produtivo.

A eficiência do transbordo impacta diretamente nos custos operacionais, na qualidade da matéria-prima (ao minimizar perdas e impurezas) e na durabilidade dos equipamentos, exigindo planejamento preciso, sincronização entre máquinas e capacitação da equipe envolvida.

Que o diga Regisa Mendes dos Santos, que vê o trabalho com maquinário agrícola como muito valorizado, tanto no profissional, quanto na parte financeira. Formada na área de Educação, ela abandonou a escola para seguir uma grande paixão: dirigir veículos. Foi motorista na primeira usina em que trabalhou e hoje está muito orgulhosa de fazer parte da primeira equipe totalmente feminina na qual está atualmente.

“Nesta usina somos as pioneiras, a primeira frente de serviço feminina, quebrando tabus, mostrando nosso trabalho. Estou começando este ano na parte de transbordo, espero aprender mais e trocar conhecimento com quem já é da área. Todo aprendizado adquirido aqui certamente será um ponto positivo no meu currículo”, explicou Regisa.

No escopo do curso estão, além das normas de segurança, conhecimento sobre o transbordo e o trator, as inspeções diárias e os processos de acoplamento e desacoplamento do equipamento. Para o presidente do sistema Faesp/Senar-SP, Tirso Meirelles, há um amplo mercado de trabalho esperando por profissionais qualificados e a missão do Senar-SP, em parceria com os sindicatos rurais, é garantir que o setor agropecuário continue a ser o grande motor da economia nacional.

“O sistema de capacitação precisa acompanhar o campo, conhecendo as suas necessidades e oferecendo solução a cada demanda. O meio rural hoje mudou, está mais tecnológico, com uso de máquinas que precisam de profissionais competentes. É um grande orgulho perceber essa transformação e saber que fazemos parte da mudança”, concluiu Meirelles.

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