O mercado de critpomoedas está movimentado. Em março de 2022 o volume de negociação de bitcoins por brasileiros foi de 747 BTCS ao dia, conforme dados do Cointrader Monitor (CTM).
A facilidade de troca de criptoativos, suposta privacidade nas transações e promessa de se ganhar dinheiro fácil também tem motivado pessoas a se aventurarem no mercado de criptomoedas, o que, sem o conhecimento adequado, as torna alvos fáceis dos criminosos digitais, explica o analista de sistemas e advogado especialista em crimes cibernéticos e criptomoedas, José Milagre, diretor da CyberExperts, uma consultoria especializada em crimes cibernéticos e perícias em informática com foco em crimes com criptomoedas. Coordenando uma equipe de mais de vinte e cinco pessoas, envolvendo técnicos, analistas forenses e advogados, o especialista relata que a procura por apoio especializado para recuperação de ativos digitais triplicou no último ano, o que demandou a busca por profissionais com novas competências em investigação forense de criptoativos e direito digital.
“São em média 20 casos novos por semana, sendo casos que envolvem desde pirâmides que prometem rentabilidade diária absurda, a casos de trojans e malwares que alteram o endereço de destino da carteira, quando o usuário vai fazer uma transferência”, explica o profissional.
Os casos envolvem situações de carteiras inseguras que são invadidas e criptomoedas desviadas e de pessoas que conectam a wallet em aplicações maliciosas, o que dá permissão para o furto de todos os fundos existentes.
“Hoje, criminosos adicionam pessoas em grupos de Whatsapp que falseiam a identidade de exchanges, e lá existem atores, todos coordenados, que vão postar lucros, até fazer com que a vítima esteja encorajada a investir neste pool. Quando investe, o app dos criminosos se conecta à wallet e limpa os fundos. A vítima fica sem saber o que aconteceu”, explica José Milagre
Dentre as orientações escolher bem a Exchange e conhecer os golpes digitais é fundamenta. Milagre recomenda escolher sempre uma empresa idônea, de preferência com sede ou filial no Brasil, para transacionar com criptomoedas, bem como considerar empresas que apresentem evidências de rigoroso programa de compliance com segurança da informação e proteção de dados.
Para pessoas que fazem autocustódia de suas criptomoedas, como em uma carteira em hardware, estas são totalmente responsáveis pela própria segurança e devem ter cuidado com a abordagem de marginais, que mudam a todo o momento. “Ignorar mensagens recebidas com links é boa prática. Do mesmo modo, muito cuidado com grupos que prometem fazer pool de mineração com o investimento de pessoas e prometem rentabilidade absurda”, destaca Milagre
Dentre as orientações de segurança para quem pensa em começar no mundo de criptomoedas, estão, segundo José Milagre:
- Usar sempre um segundo fator de autenticação para se conectar à carteira ou Exchange e de preferência que não esteja no mesmo celular onde está o aplicativo;
- Jamais revelar códigos ou senhas a terceiros, sob qualquer pretexto;
- Utilizar e acessar a carteira ou Exchange sempre de uma internet segura e protegida, jamais se conectando de redes desconhecidas;
- Muito cuidado com aplicativos ou serviços onde se conecta a carteira, pois pode-se conceder permissão para furto dos fundos. Esta conexão pode ocorrer com o clique em um link;
- Cuidado com ativação de APIS (Application Programming Interface) nas wallets;
- Atentar sempre para que se esteja acessando o serviço correto, evitando se autenticar em serviços falsos que buscam capturar senhas;
- Usar senhas fortes e diferentes para diferentes carteiras;
- Manter os dispositivos sempre atualizados em seu sistema operacional, com programas anti-malware ativos
Para que caiu em golpes, a orientação é preservar as provas, identificar as transações via blockchain (já que esta funciona como um registro de todas as transações), registrar a ocorrência policial por fraude eletrônica e procurar ajuda especializada. “Com ferramentas forenses destinadas à análise da Blockchain, pode ser possível rastrear os desvios e identificar os responsáveis e em alguns casos bloquear os tokens. Além disso, quando ocorre a falha na Exchange ou Wallet nos controles de segurança, permitindo que atacantes roubem fundos de usuários, é importante preservar as provas para demonstração de que a vítima não teve culpa e consequente pedido de reparação.
Por isso, agir rapidamente é fundamental”, destaca José Milagre.
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