Declarações do deputado Guilherme Boulos (PSOL) expõem falta de conhecimento sobre o setor agropecuário
As declarações do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que acusou o aumento do volume de exportações do café brasileiro como responsável pela alta do produto nos supermercados, demonstra bem a falta de conhecimento do setor e do que é uma economia de mercado. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e atende prioritariamente o mercado interno.
Por ser uma importante commodity agrícola, tem seu preço definido nas principais bolsas de valores do mundo. A safra de café de 2024 enfrentou desafios significativos, principalmente devido a condições climáticas adversas.
O país sofreu com a pior seca em mais de sete décadas, afetando severamente as plantações, incluindo o estado de São Paulo.
A escassez de água e as altas temperaturas prejudicaram o desenvolvimento dos cafeeiros, resultando em uma redução considerável na produção esperada. Além disso, outros grandes produtores, como o Vietnã, também enfrentaram problemas climáticos, contribuindo para uma oferta global limitada.
“É muito fácil errar quando não se tem informações precisas e não se conhece o setor. A questão do preço do café está bem distante dos pontos que o deputado comentou. Secas, incêndios e muitos outros fatores afetaram a produção em 2024, não apenas no Brasil, o que eleva o valor do produto nos mercados nacional e internacional”, frisou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles.
Para 2025, as perspectivas permanecem desafiadoras. Embora as chuvas tenham retornado às regiões cafeeiras do Brasil após um período de seca extrema, elas podem ter chegado tarde demais para permitir uma recuperação completa das plantas antes da próxima colheita.
Agricultores e agrônomos preveem que a safra de 2025 será problemática, mesmo que as condições climáticas melhorem nas próximas semanas.
A falta de água no solo e o estresse das plantas levaram alguns produtores a podar os cafeeiros, o que significa que essas plantas não produzirão grãos até 2026.
Esses desafios na produção têm um impacto direto nos preços do café. Em 2024, o preço do café arábica atingiu máximas históricas não vistas desde 1977. As condições climáticas adversas no Brasil e no Vietnã foram os principais fatores para essa alta.
Além disso, tensões diplomáticas entre os Estados Unidos e a Colômbia resultaram em ameaças de tarifas, contribuindo para a volatilidade dos preços. É preciso compreender a oscilação dos mercados agrícolas, que são condicionados pelo clima, e apoiar a agricultura com crédito e seguro rural.