A produção de leite de Iporanga foi impulsionada pela iniciativa de produtores determinados e pelo apoio de Arranjos Produtivos Locais do Sistema Faesp/Senar
A jornada em busca do aperfeiçoamento na produção leiteira em Iporanga, no Vale do Ribeira, teve início em uma crise. Há alguns anos, a falta de leite na região uniu pequenos produtores, iniciantes na cultura da produção de leite, para encontrarem soluções e orientações de especialistas. Foi desse apelo que nasceu uma parceria entre a Prefeitura e o Sindicato Rural do Vale do Ribeira, que levou os cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de São Paulo (Senar-SP) à cidade para uma transformação notável na atividade leiteira local e na vida de muitos pequenos produtores.
O Sindicato Rural do Vale do Ribeira iniciou uma parceria de aprimoramento técnico junto ao Sistema Faesp/Senar-SP, que culminou na implantação de diversos cursos para atender a Cadeia Produtiva do Leite na cidade de Iporanga. “O projeto nasceu pela demanda dos produtores, que naturalmente aderiam às propostas, se inscreviam nos cursos oferecidos pelo Senar e melhoraram substancialmente sua produção”, conta a coordenadora do Sindicato Rural, Joselma Maria da Silva, responsável por levar os cursos profissionalizantes a estes produtores e trabalhadores rurais de Iporanga.
A região de Registro é uma bacia leiteira, mas Iporanga ainda não tinha tradição na criação de bubalinos. Como as condições locais se assemelham muito às da Ilha do Marajó, no Amazonas, propícias à criação de búfalo, os cursos do Senar-SP ajudaram a acompanhar os produtores na transição dos rebanhos.
Thiago Ramon da Silva Lisboa, zootecnista da prefeitura de Iporanga, é o grande incentivador do projeto. Joselma afirma que ele desempenhou um papel crucial nesse processo.
“O Thiago é também produtor em Iporanga e está diretamente envolvido com tudo que acontece quando se fala em capacitação de produtores. Ele é um grande incentivador”, afirma a coordenadora.
Os cursos do Senar-SP abordaram uma ampla gama de temas, desde manejo de pastagens até produção de silagem, proporcionando aos produtores o conhecimento necessário para melhorar suas práticas agrícolas. Ainda com os cursos em andamento, o grupo de alunos fez uma solicitação de emenda parlamentar para conseguir máquina para produção de silagem e outra para ensacar. E conseguiram, mostrando resultados através dos treinamentos.
Thiago conta que os cursos recebem inscrições imediatamente após serem divulgados pelo Sindicato Rural, com frequência nunca inferior a 90%. “A capacitação e os cursos abriram muito a mentalidade dos nossos produtores. Hoje eles fazem rotacionado, fazem suplementação e a gente já tem um programa de inseminação no município. Melhorou muito a programação deles, a forma como enxergam a propriedade. E foi muito legal ver isso acontecer”, afirma Thiago.
Jackson Sebastião Mendes, mais conhecido como Jaco, um jovem produtor, de 27 anos, que desde os 15 acumula aprendizado na produção de leite, começou a fazer cursos do Senar-SP aos 19 anos e não pretende parar. Ele fez curso de tratorista, de manejo de pastagem, de produção de silagem, de ordenha, e até de manutenção de equipamentos:
“Aprendi a fazer pastejo rotacionado, o que melhorou bastante a produção e a saúde do gado. E o Thiago também ajudou muito, principalmente com dicas de higiene e ordenha correta, o que fez a qualidade do nosso leite melhorar e a gente ganhar mais por isso. Então, só tenho a agradecer ao Senar-SP, à Casa Agrícola e ao Thiago por isso. Tenho certeza de que esses cursos ajudaram a comunidade toda. Então, estamos sempre de olho em novas oportunidades de aprender mais, sabendo que isso sempre traz benefícios pra gente e pra todo mundo por aqui”.
Atualmente, o município de Iporanga é um exemplo de sucesso na produção leiteira, com produtores capacitados e conscientes da importância de técnicas modernas e sustentáveis. A prefeitura estabeleceu uma parceria com laticínios, que buscam o leite de Iporanga, encerrando o ciclo e dando vazão ao produto no mercado.
“Para o futuro nós pretendemos replicar essa experiência, despertando em outros produtores o interesse na capacitação e ofertar novos cursos da programação para o grupo que já existe”, finaliza Joselma.