Por Dr Thiago Gomes

Setembro também é o mês da conscientização sobre a Doença de Alzheimer destacando a importância de abordagens de prevenção, diagnóstico precoce e cuidados em diferentes fases da doença. Ela é uma doença neurodegenerativa que afeta a memória, a cognição e a função diária dos indivíduos, causando deterioração progressiva da saúde cerebral.

A incidência dessas doenças tende a aumentar com o envelhecimento da população, tornando fundamental adotar estratégias de prevenção e tratamento. Compreender estratégias preventivas – primária, secundária, terciária e quaternária – é fundamental para oferecer uma assistência adequada e promover qualidade de vida.

Além disso, surgem novas abordagens terapêuticas, como o uso da Cannabis medicinal, que oferece esperança para o manejo de sintomas e melhoria do bem-estar de pacientes com Alzheimer e outras doenças ligadas ao envelhecimento cerebral.

Prevenção Primária, Secundária, Terciária e Quaternária: Cuidando em Todas as Fases

A prevenção primária está relacionada a ações preventivas que reduzem o risco de desenvolvimento de demências. Estilos de vida saudáveis, como alimentação equilibrada, atividade física, estimulação cognitiva e socialização, são fundamentais.

A prevenção secundária envolve o diagnóstico precoce, essencial para permitir intervenções que retardem a progressão da doença. Monitorar os primeiros sinais e realizar exames periódicos são formas eficazes de detectar precocemente quaisquer alterações da função cognitiva, que são os processos mentais que permitem que o cérebro receba, selecione, transforme, armazene, elabore e recupere informações. São elas que possibilitam o aprendizado e estão presentes em quase todas as atividades cotidianas.

Já a prevenção terciária se concentra no manejo dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida após o diagnóstico. Isso inclui tratamentos farmacológicos, terapias de suporte e o cuidado integral da pessoa, promovendo a preservação de sua autonomia e função cognitiva.

Por fim, a prevenção quaternária visa evitar intervenções excessivas ou desnecessárias, principalmente em estágios avançados da doença, priorizando cuidados paliativos e conforto para o paciente.

Cannabis Medicinal: Uma Esperança para o Tratamento de Demências

Nos últimos anos, a Cannabis medicinal tem sido explorada como uma potencial ferramenta para melhorar a qualidade de vida de pessoas com Alzheimer e outras demências. Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas conclusivas, os resultados preliminares mostram que os fitocanabinóides podem ter efeitos positivos no manejo de sintomas relacionados às demências.

Entre os benefícios potenciais estão:

– Redução de agitação e agressividade: muitos pacientes com Alzheimer sofrem com mudanças comportamentais e emocionais severas. Os fitocanabinóides, como o CBD (canabidiol), podem ajudar a diminuir esses sintomas, tornando o paciente mais calmo e melhorando o convívio social e familiar.

– Potencial neuroprotetor: alguns estudos sugerem que o CBD e o THC (tetra-hidrocanabinol) podem ter efeitos neuroprotetores, ou seja, eles poderiam retardar a progressão do Alzheimer, ajudando a proteger as células cerebrais da degeneração. Embora essa linha de pesquisa ainda esteja em fases iniciais, ela traz uma nova esperança para a medicina.

– Melhora do sono: a insônia e os distúrbios do sono são comuns entre pessoas com Alzheimer, afetando tanto os pacientes quanto os cuidadores. O uso da Cannabis medicinal pode ajudar a regular o ciclo do sono, proporcionando noites mais tranquilas.

– Controle de dor e desconforto: em estágios mais avançados da doença, a dor e o desconforto físico podem ser significativos. O uso de canabinoides pode ser eficaz na redução da dor crônica, melhorando o bem-estar geral.

A Importância do uso responsável de medicamentos e de relações humanas saudáveis

Apesar dos resultados promissores, é importante ressaltar que o uso da Cannabis medicinal deve ser feito sob orientação médica, com dosagens e formulações adequadas para cada caso. Cada paciente responde de forma diferente à substância, e o acompanhamento contínuo é essencial para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.

Por todos esses motivos, independentemente de como esteja sua primavera, se ela for verde, amarela ou lilás, o que importa é dar ouvidos às nossas famílias reconhecendo quais valores pessoais estão ligados ao sentido da saúde de cada membro.

Isso significa que temos que estimular, dentro de nossas casas, e em torno daqueles que consideramos pessoas de confiança e que nos querem bem, muitos diálogos a respeito de como pensamos sobre o adoecimento e o envelhecimento, o que poderá acontecer em casos de doenças agudas e acidentes, quais expectativas temos em relação à morte, doação de órgãos, dependências de todos os tipos – desde a intoxicação digital que tem assolado as relações interpessoais e familiares – até as químicas de drogas ilícitas até das convencionais prescritas pelos profissionais médicos.

Diálogo, olho no olho, escuta atenta, interesse genuíno, sem juízo de valor, com ética e compaixão. Parecem elementos essenciais para uma boa receita de saúde de famílias no século XXI.

Quando esses ingredientes estiverem difíceis de se encontrar ou de colocar em pauta nos debates cotidianos, contem com profissionais de confiança que saibam utilizar de ferramentas clínicas, psicológicas e humanísticas para dar a liga necessária aos saborosos banquetes de relações familiares mais saudáveis.

Thiago Luccas Correa dos Santos Gomes é um médico de família e comunidade com 20 anos de experiência clínica na área de cuidados primários em saúde.

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