Tosse persistente, sensação de mal-estar e desconforto respiratório. São apenas alguns sintomas causados pela inalação da fumaça que assustou moradores de alguns estados nos últimos dias . Diversos focos de incêndio foram registrados em cidades como São Paulo. Várias regiões sofreram com os efeitos da fumaça, que se dispersou com a ação dos ventos. O pneumologista e professor da Faculdade de Medicina da UnB Ricardo Martins diz que as pessoas precisam se proteger. Conforme o especialista, a fumaça intensa e a neblina podem provocar sérios problemas à saúde.
“A fumaça lança gases tóxicos para a atmosfera, competindo com o oxigênio, e a população respira então uma concentração de oxigênio menor, acrescida do fato de estar respirando gases tóxicos. Além disso, respira partículas provenientes da queima desses vegetais, o que, uma vez entrando no sistema respiratório, podem provocar inflamação, inicialmente no pulmão, e depois de sua absorção, isso pode acarretar a inflamação em outros órgãos”, relata.
Segundo o pneumologista, quando se está em área de queimadas, a quantidade de fuligem que fica suspensa no ar que as pessoas respiram é muito elevada.
“Essa carga, ela é maior do que as defesas pulmonares são capazes de nos proteger e aí você começa a ter uma regressão das vias respiratórias dos pulmões por essa fuligem, por essa poluição toda. Isso pode causar grande sensação de mal-estar, pode causar tosse intensa, desconforto respiratório, pode agravar os quadros de doenças respiratórias crônicas, como a asma”, explica.
MIDR aprova R$ 11,7 milhões para ações de defesa civil na Amazônia
Incêndios causados pela seca podem agravar cenário de interrupções de energia elétrica
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a quantidade de focos de incêndio ao mesmo tempo em diferentes localidades levou as autoridades a abrir investigação para saber se parte deles é de origem criminosa. Ao todo, já são 31 inquéritos abertos entre Amazônia e Pantanal e dois em São Paulo.
A fumaça também se espalhou por cidades próximas. Em Brasília, segundo o Corpo de Bombeiros do DF, a capital amanheceu por dois dias encoberta de fumaça pelas chamas do fogo que atingia não apenas o estado de São Paulo, mas também o Pantanal e a Amazônia.
Problemas respiratórios
Para o professor Gilmar Alves Zonzin, pneumologista, membro e ex-presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro (Sopterj), em situações em que se tem uma grande elevação dos níveis de poluentes aéreos, os pulmões não têm capacidade de limpeza, de defesa, de proteção suficiente para dar conta desse aumento de carga de poluição muito acentuada.
“As pessoas que respiram essa fumaça e essas partículas podem desenvolver doenças respiratórias agudas graves ou pessoas com condições respiratórias e cardiovasculares pré-existentes podem ter um agravamento também da sua condição de saúde, fazendo com que tenham que procurar serviço de médico de maneira emergencial. A maneira de avaliar isso é através da observação de uma tosse persistente, intensa falta de ar e palpitação”, destaca.
O pneumologista Gilmar Alves acrescenta que algumas medidas podem ajudar a enfrentar essa situação.
“Fechar as portas de casa e as janelas, colocando nas frestas panos úmidos, além disso, umidificar o ambiente da casa com toalhas molhadas e bacias d’água, procurar fazer hidratação, que pode ser com água mesmo ou suco de frutas e água de coco, usar soro fisiológico nasal e nos olhos e evitar atividades físicas nos momentos mais críticos de temperatura. Evitar atividade física dependendo do nível de fumaça. Mas o horário mais crítico é das 9 às 17 horas”, alerta.
Saiba como se proteger
“As pessoas que não têm alternativas, que têm que se expor porque têm que sair para trabalhar, têm que se deslocar por qualquer motivo que seja, o uso de máscaras que possam ajudar na filtração de partículas maiores do ar é algo que ajuda a proteger a via respiratória e a segurar algumas partículas maiores, minimizando o impacto desses elementos de poluição do ar atmosférico sobre o aparelho respiratório”, orienta o professor Gilmar Alves Zonzin.
Ele diz que é possível minimizar a exposição, com algumas orientações.
“Se observar que o ar limpou, que o ar está mais puro, que o ar não está tão carregado de fuligem, deixar ventilar os ambientes. Tentar diminuir a exposição intradomiciliar a essa fuligem toda, a esses produtos de queimadas. Tomar bastante líquido também é importante. Um organismo bem hidratado reage melhor a essas agressões, então tomar bastante líquido ajuda”, alerta.
Fonte: Brasil 61