Mais de 20 municípios já manifestaram formalmente ao Sebrae de Minas Gerais o desejo de terem suas próprias moedas locais. A entidade é responsável pelo lançamento da ubérrima, moeda pública de Resplendor (MG) que entrou em circulação no mês de abril.
Em entrevista ao Brasil 61, Marcelo de Souza e Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, destacou que a iniciativa tem chamado a atenção de prefeitos do estado e de outras partes do país.
“Se não me engano, até 25 municípios já entraram em contato com o Sebrae querendo fazer o procedimento — e mais uns 30, 40 municípios pediram informações prévias para que possam estudar o projeto. Se você somar isso aí, há mais de 50 municípios em Minas Gerais que se interessaram. Fora isso, tem mais uns 20 municípios do Brasil que viram a notícia e querem saber como é”, detalha.
Depois de Resplendor, o município de Mato Verde, também em Minas Gerais, será o próximo a implementar uma moeda pública local.
O objetivo do Sebrae é observar como as moedas municipais vão ser recebidas pelo comércio e os cidadãos de municípios menos populosos para, depois, caso a iniciativa seja bem sucedida, ampliá-la para cidades maiores.
“Vamos acompanhar com muito pé no chão, para que a gente possa ir propagando essa questão da moeda pública local em outros municípios, buscando a utilização desse dinheiro com muito mais efetividade, gerando riqueza no município”, projeta.
Fortalecimento da economia local
O lançamento de moedas públicas municipais é uma das estratégias da entidade para fortalecer a economia interna das cidades. A ideia é que com a adoção de uma moeda local — aceita apenas no município — e a oferta de benefícios pelos comerciantes a quem usa as cédulas como forma de pagamento, como descontos e cashback, os moradores prefiram consumir onde vivem do que ir a outras cidades.
“É uma moeda que vai circular na cidade, valorizando as pessoas da cidade e valorizando quem investe ali na cidade, quem compra na cidade com preços diferenciados e essa movimentação diferenciada tem o objetivo bem claro de que essa riqueza gerada no município fique no município e fomente ali o desenvolvimento econômico e social”, explica Marcelo.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Resplendor, Wender Barbosa, a Ubérrima tem sido bem aceita pelos comerciantes e pelos moradores do município. Ele conta que, além de fomentar o desenvolvimento da economia local, a moeda própria tem atraído pessoas que vivem em cidades vizinhas.
“Eu acredito que a moeda já está cumprindo seu objetivo, porque como ela não é obrigatória, a lei não diz que eu sou obrigado a ficar com a ubérrima, não estamos tendo retorno. Ela está circulando. A gente já tem também moradores de outros municípios que estão já vindo trocar real por causa do desconto no comércio. ‘Já que eu compro aí mesmo, eu vou comprar a moeda de vocês, porque eu vou ter desconto em vários comércios'”, diz.
A moeda pública local tem o mesmo valor do real. No caso de Resplendor, uma ubérrima vale um real. O lastro, ou garantia, para a emissão da moeda municipal é a moeda usada em todo o país. Assim, para cada ubérrima em circulação no município, a prefeitura tem que guardar o equivalente em real em um fundo monetário.
As cidades de Conselheiro Pena e Padre Carvalho também estão em processo de criação e aprovação de moeda própria, de acordo com o Sebrae Minas.
Fonte: Brasil 61